25 anos de Pulp Fiction e a música "Girl, You'll Be A Woman Soon " continua sendo a preferida do filme!






Era pra ser um épico. Um épico na estrutura, um épico na escala, um épico na intenção. Um épico em todos os aspectos, menos no orçamento.
(Quentin Tarantino)



Oi gente, Não sei se vocês assistiram o filme Pulp Fiction que foi lançado há 25 anos atrás... É claro que o filme é pesado, como o próprio nome diz, mas a trilha sonora dele é simplesmente fantástica, principalmente pela canção "Girl, You'll Be A Woman Soon " que você vai conhecer agora! E não se engane, o filme também conta uma ótima história! É um épico!


Muitos já se referiram ao filme como uma “aula de cinema”. De fato, a sua característica mais proeminente é a exploração eficiente dos recursos que a ficção cinematográfica oferece. Se quisermos aprender como criar um mundo de ficção coerente; ou entender como os elementos da ficção cinematográfica se relacionam para estruturar uma narrativa, assistir a Pulp Fiction pode ser bastante útil. Além de ser uma experiência muito interessante!

“Grande sensação de 1994”, o filme ganhou a palma de ouro no festival de Cannes, em um júri presidido por Clint Eastwood, desbancando concorrentes como A Fraternidade é Vermelha, de Kieslowski, A Rainha Margot, de Patrice Chéreau e A Roda da Fortuna, dos irmãos Coen.



É lógico que o seu sucesso se deve, em grande parte, às habilidades publicitárias de Tarantino. Outra parte do seu sucesso é devida ao fato de que Tarantino era apenas um nerd estranho que nunca foi à escola de cinema e que, de repente, estava ganhando os prêmios mais importantes do meio. Assim, além da influência estilística que exerceu, o seu filme deu esperança a vários aspirantes a cineasta que passaram a considerar o autodidatismo como uma opção viável e possivelmente bem sucedida para a realização cinematográfica.

No entanto, é preciso reconhecer o talento e a personalidade de Tarantino. Dentro de seu campo específico de atuação (a cultura pop), o autor Tarantino é fruto de muito estudo e de intensa dedicação. Mais do que talento, a construção de seu estilo demonstra também coragem e autoconfiança.

Os grandes diretores não abandonam suas obsessões. Nesse sentido, a originalidade depende em grande medida da paciência e da persistência. Ser original consiste numa espécie de fidelidade a si mesmo: só essa fidelidade pode criar uma personalidade forte capaz de criar um produto cultural interessante.


A Estrutura Narrativa


Pulp Fiction demonstra que Tarantino domina a narrativa cinematográfica como poucos: ele tem uma visão muito completa do conjunto da história que quer contar. 

Segundo Samuel L. Jackson, que vive o personagem Jules, a sua mãe teria perguntado: “por que não montaram o filme direito?” Contudo, a desestruturação cronológica de Pulp Fiction é relativamente simples: o filme é episódico, dividido em alguns segmentos. Tarantino apenas intercala uma história à outra antes que os conflitos sejam resolvidos.

Ao abandonar e retomar células narrativas em diferentes momentos da duração do enredo, o filme chama a atenção para a própria forma cinematográfica, para o modo como a narrativa é construída. E tem a cena de dança mais famosa do cinema contemporâneo com a Uma Thurman e o John Travolta. Sabia que foi o Filme Pulp Fiction que restaurou a carreira do Travolta que estava em declínio?  A partir do filme,  ele ascendeu novamente!! :)))




A partir de Pulp Fiction, outros cineastas abraçaram a narrativa não linear, pois perceberam que a quebra da ordem cronológica do enredo era, por si, um recurso criador de suspense e de reconhecimento, duas características atraentes na ficção. 

De certa forma, o título do filme denuncia isso. Não há nele nenhuma referência aos objetivos dos personagens ou a algum elemento específico do enredo: o que está em evidência é a ficção. Portanto, para a compreendermos de maneira satisfatória, precisamos conhecer o sentido da expressão “Pulp Fiction” e o porquê de Tarantino a ter escolhido.


A Circunstância da Arte


Na cultura americana, o termo “pulp fiction” foi criado para se referir aos romances e outros tipos de livros que eram impressos em papel barato. Inicialmente, o termo se referia a qualquer tipo de livro impresso nesse tipo de papel: No final dos anos 20, os Estados Unidos eram uma nação que se tornava cada vez mais letrada, e a emergente indústria de entretenimento, baseada, então, em material impresso, precisava suprir uma demanda que crescia vertiginosamente. Portanto, a prática de utilizar papel de qualidade inferior para imprimir ficção trazia duas vantagens: velocidade e barateamento.


À medida que a indústria de livros cresceu, o gosto do público tornou-se mais delineável e suas necessidades de entretenimento adquiriram um perfil específico: as histórias mais procuradas eram as que continham crime, sexo e mistério. Logo, os editores passaram a encomendar livros que fossem baseados numa fórmula pré-determinada, com elementos pré-estabelecidos. Entre esses elementos não podiam faltar os personagens estereótipos, facilmente identificáveis pelo público acostumado a esse tipo de ficção: Mulheres atraentes e perigosas, ou ingênuas e em perigo, homens “durões” e malvados, gângsters, detetives, boxeadores, sexo e violência, enfim, literatura “destinada aos mais baixos instintos”, para consumo e entretenimento rápidos. O papel em que se imprimiam essas histórias era de uma qualidade tão ruim que geralmente os livros não resistiam a uma ou duas leituras. Ou seja, eram romances cultural e intelectualmente descartáveis.


Entretanto, esse universo se incorporou de tal maneira no imaginário da cultura de massas americana, que os escritores que ficaram famosos escrevendo pulp fictions, como Dashiell Hammet e Raymond Chandler, são lidos até hoje. Além disso, o submundo retratado nas histórias tinha a sua parcela de verdade: A emergência da vida urbana e a imigração maciça de milhares de pessoas para os Estados Unidos, aliados ao desconcerto espiritual surgido no período entre guerras, deram vida a uma gama de alcoólatras, mafiosos, bandidos, prostitutas, jogadores, golpistas e malandros de toda espécie.

Jonh Travolta e Samuel L. Jackson
Jonh Travolta e Samuel L. Jackson


Tarantino utiliza esses elementos do universo das pulp fictions à sua própria maneira, misturando as referências dessas ficções com as influências principalmente cinematográficas que constituíram a maior parte de sua formação. Ele não está fazendo apologia de nenhum tipo de cultura ou de ideia específica (ele nem mesmo se preocupa em situar seus personagens historicamente); a sua única preocupação é se o mundo de ficção que ele criou é suficientemente interessante.


Em Pulp Fiction, também como na narrativa cinematográfica clássica, os personagens principais passam de um estado inicial para outro completamente diferente na conclusão.


Vejamos como isso acontece.


“ A Galera do Mal ”


Tarantino é um grande criador de personagens. Partindo dos tipos emprestados das pulp fictions (e subvertendo-os), ele cria personalidades complexas com um alto nível de ambiguidade moral. São tipos que, mesmo representados em performances não tão realistas assim, conseguem ser suficientemente verossímeis.


A mesma subversão ocorre na figura de Mia Wallace, interpretada por Uma Thurman, pretensa femme fatale das pulp fictions. Primeiro, o seu tipo físico não é o das leggy blondes comuns nas histórias escritas, nem o seu modo de se vestir ou a sua personalidade repetem a caracterização de personagens como Kitty Collins ou Gilda (vividas por Ava Gardner e Rita Hayworth, respectivamente), que teriam servido de inspiração para Tarantino. Mia parece apenas uma jovem perdida naquele submundo do crime, precisando de um amigo para conversar. 

O elenco de peso do filme

No caso de Butch, personagem vivido por Bruce Willis, a transformação se dá depois que ele encontra os dois sádicos que o sequestram na loja de penhores logo após a briga entre ele e Wallace. A partir daí, ele adquire uma nova visão da moral, pois sua consciência foi abalada por um tipo de perversidade com o qual até então ele não havia se deparado. Tirando os momentos com sua namorada Fabianne, Butch revela-se um verdadeiro mau caráter, um indivíduo incapaz de ter piedade (como fica explícito na cena em que ele mata Vincent e na indiferença que ele mostra quando ouve que matou o outro boxeador no ringue). No entanto, ao se deparar com a natureza de um mal que ele não compreende, ele sente o apelo de valores maiores do que sua própria maldade: como a lealdade e a nobreza.


Há uma energia contagiante nesse filme, criadora de uma empatia imediata. Isso acontece, como vimos, em decorrência da complexidade humana dos personagens. E essa complexidade nos é apresentada principalmente através dos diálogos.


Às vezes, dentro do sistema de um filme, o que importa não é o seu sentido profundo; não é o início nem o final; não é a mensagem que ele transmite ou a moral que pode lhe estar implícita: às vezes, o que importa é apenas a experiência de uma determinada circunstância. A simples organização dos sons e das imagens num determinado ritmo e com uma determinada energia. Uma experiência estética sem grandes preocupações senão a de ser interessante, engraçada, estimulante. E a música, ahh a trilha sonora desse filme é espetacular! Tenha certeza que você vai dançar comigo e vai ser AGORA!!




Sobre a canção "Girl, You'll Be A Woman Soon " 


" Garota, você será uma mulher em breve " é uma música escrita pelo músico americano Neil Diamond , cuja gravação na Bang Records alcançou o número 10 na parada de singles pop dos EUA em 1967 . A música teve uma segunda vida quando apareceu na trilha sonora de Pulp Fiction de 1994 , realizada pela banda de rock Urge Overkill . Outras versões foram gravadas por Cliff Richard (1968), Jackie Edwards (1968), a Biddu Orchestra (1978) e 16 Volt (1998). 

Em 1992, a banda de rock alternativo Urge Overkill gravou um cover da música para seu EP Stull . 

Urge Overkill 


Urge Overkill é uma banda americana de rock alternativo, formada em Chicago , Illinois , Estados Unidos , composta por Nathan Kaatrud, que levou o nome artístico Nash Kato (vocal / guitarra) e Eddie "King" Roeser (vocal / guitarra / baixo) .  Eles são amplamente conhecidos por sua música "Irmã Havana" e seu cover de Neil Diamond 's ' Garota, você será uma mulher em breve ', que foi notavelmente usado por Quentin Tarantino no filme  Pulp Fiction . Seu primeiro álbum desde 1995, Rock & Roll Submarine , foi lançado em 2011. 





Imagens e Gifs do Google e Tumblr
Vídeo Urge Overkill do Canal de Adriana Helena no YouTube

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6 comentários:

  1. Oi, Adriana!!
    Se não estou errada, acho que o primeiro emprego de Quentin Tarantino foi como lanterninha de cine pornô na adolescência e estudava para se tornar ator. Imagina o tanto que sonhou para colocar em prática seus planos de atuar, mas será que imaginava que seria um reconhecido diretor de Hollywood? Estou perdidinha no tempo! Caramba, 25 anos de Pulp Fiction.
    Beijus,

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    1. Luma, que lembrança incrível do Tarantino que você trouxe à tona!!Ele é um talento nato e por seu único esforço conseguiu fazer obras primas no cinema!!
      E Pulp Fiction, um filme tão incrível já completou bodas de prata...rsrs
      Como o tempo passa rápido não é amiga?
      Adorei sua presença querida, nem acredito que está de volta, que maravilha!!!
      Você precisa restaurar o ânimo nos blog minha amiga, eles estão quase desaparecendo...
      Um grande beijo e um restante de semana maravilhoso!! :))))

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  2. Nunca vi, Adriana. Mas sempre falam bem. Preciso ver. Adorei a postagem.

    Obs: não recebi seu email. Será que voce mandou certo? Pq nem no spam achei... É spos@globo.com

    Bjão!!!

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    1. Sérgio, muito boa tarde amigo!!
      nossa, você precisa ver pois Pulp Fiction e Bastardos Inglórios, ambos do Tarantino, são um espetáculo cinematográfico!!
      Amigo, eu reenviei novamente no seu e-mail, e agora já chegou?
      Tenha uma ótima semana, beijos!! :))))

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  3. Nunca ouvi falar desse filme, nem de Tarantino, mas com seu mais k completo post fiquei sabendo TUDO. Até a carreira de Travolta ascendeu.
    O poder de alguns realizadores e personagens é imensa e nós, público, nem sabemos o que vai nos bastidores.

    Fantástica e bem animada a canção. Deu pra dançar com você, claro. Deixei comentário no vídeo.

    Beijos, querida Adri, e se cuide!

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    1. Céu querida, Tarantino é um diretor muito criativo e muito discreto também!!
      Sim e foi ele que fez o Travolta retornar ao cinema, pois ele estava esquecido....
      Mas o que mais me atrai nos filmes do Tarantino é a cuidadosa trilha sonora...Sempre magnífica!!
      Muito obrigada pelo carinho da presença querida, também irei ao YouTube responder ao seu comentário! Deixo beijos e desejos imensos para você se cuidar muito!!!!
      Fica bem amiga, até daqui a pouquinho....
      Beijinhos!! :))))))

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